A síndrome de burnout, também chamada de esgotamento profissional, é um desafio crescente nas organizações modernas. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição relacionada ao trabalho, a síndrome afeta diretamente a saúde mental dos colaboradores e o desempenho organizacional. ¹ Com a atualização da NR-01, que agora exige a identificação e gestão de riscos psicossociais, incluindo sobrecarga de trabalho, as empresas têm até maio de 2025 para implementar estratégias de prevenção.² Essa obrigatoriedade regulamentar reflete a crescente importância da saúde mental nas organizações. Além de cumprir a legislação, as empresas podem se beneficiar de equipes mais engajadas, motivadas e produtivas.
Burnout e os Impactos no Ambiente de Trabalho
O burnout é caracterizado por um estado de exaustão física, emocional e mental provocado por demandas excessivas no trabalho, sem o devido apoio ou reconhecimento. Seus impactos podem ser devastadores tanto para o indivíduo quanto para a organização. Entre as consequências mais comuns estão: ³
- Absenteísmo elevado: A exaustão leva os colaboradores a faltarem ao trabalho com maior frequência, seja por doenças relacionadas ao estresse, ou pela necessidade de descanso mental e físico.
- Queda na produtividade: A falta de motivação e energia reduz a capacidade de entrega dos colaboradores, resultando em uma diminuição no desempenho geral.
- Aumento da rotatividade: Quando não há suporte para lidar com o burnout, a insatisfação aumenta, levando à perda de talentos e à necessidade de recrutamento constante.
- Impacto na saúde mental e física: Além do esgotamento, podem surgir problemas mais graves, como ansiedade, depressão, distúrbios do sono, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Entre os fatores mais comuns que contribuem para o desenvolvimento de burnout estão a comunicação ineficaz (como falta de feedback ou instruções claras), a sobrecarga de trabalho (associada a prazos curtos e expectativas irreais), o isolamento social (falta de apoio entre colegas e líderes), a falta de autonomia e a ausência de recursos adequados para a realização das tarefas. 4
Como Medir o Risco de Burnout na Empresa?
Identificar precocemente os sinais de burnout é crucial para desenvolver estratégias preventivas eficientes. Algumas ferramentas e métodos são amplamente utilizados para medir e avaliar o risco de burnout nas empresas:
- Inventário de Burnout de Maslach (MBI): Esta ferramenta é uma das mais utilizadas mundialmente para medir o esgotamento emocional, a despersonalização e a sensação de baixa realização pessoal. Ela ajuda a identificar as dimensões da saúde mental dos colaboradores e o impacto do trabalho sobre eles. 5
- Modelo de Demandas e Recursos do Trabalho: Baseado na ideia de que o desequilíbrio entre as exigências do trabalho e os recursos disponíveis pode gerar estresse e burnout, este modelo avalia como o ambiente de trabalho se comporta frente a demandas físicas, psicológicas e emocionais. 6
- Indicadores de Absenteísmo e Rotatividade: Taxas elevadas de absenteísmo e de rotatividade de funcionários podem ser um sinal claro de que os colaboradores estão sendo sobrecarregados ou não estão sendo devidamente reconhecidos. Monitorar esses indicadores pode fornecer uma visão importante sobre o nível de estresse organizacional. ³
- Avaliações de Desempenho e Entrevistas Estruturadas: Essas práticas ajudam a identificar sinais de esgotamento precoces, como quedas no desempenho, falta de motivação ou respostas evasivas sobre o bem-estar. Além disso, as avaliações periódicas podem oferecer insights sobre o nível de satisfação dos colaboradores. ³
- Avaliação Ergonômica Preliminar e Análise Ergonômica do Trabalho: Auxiliam na adoção de medidas preventivas e na adaptação das condições laborais; também podem ser aplicadas em situações ergonômicas especificas sempre visando a integridade física, saúde e bem-estar dos trabalhadores tendo assim, maior eficiência nos processos de trabalho.
Planejamento: Desenvolvendo Estratégias de Prevenção
A elaboração de um plano de prevenção ao burnout requer uma abordagem ampla e estruturada. A primeira etapa é promover capacitações que preparem tanto gestores quanto colaboradores para identificar sinais de burnout e adotarem estratégias de enfrentamento. Essas capacitações ajudam a criar um ambiente mais preparado e empático.
Uma iniciativa importante é o planejamento eficaz de férias. Garantir que os colaboradores tenham períodos de descanso devidamente organizados e respeitados é essencial para evitar a exaustão. Isso inclui a criação de cronogramas claros, redistribuição de tarefas durante as ausências e o respeito ao período de desconexão do colaborador, sem interrupções relacionadas ao trabalho.
Outro passo fundamental é a redistribuição equilibrada das demandas. Revisar os fluxos de trabalho e delegar tarefas de forma justa contribui para reduzir a sobrecarga e aumentar a autonomia dos colaboradores. Além disso, é vital implementar ações que promovam o bem-estar integral, considerando aspectos físicos, emocionais, sociais e intelectuais. Isso pode incluir a oferta de programas de ergonomia, pausas regulares, acesso a serviços psicológicos, práticas de mindfulness, eventos de integração e treinamentos para desenvolvimento profissional.
Por fim, a flexibilização da jornada de trabalho, como a adoção de modelos híbridos ou semanas reduzidas, tem demonstrado ser uma solução eficaz para melhorar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, diminuindo o estresse e aumentando a satisfação dos colaboradores. 3,4,7
Execução e Monitoramento
A execução do plano exige organização, metas claras e um sistema de acompanhamento contínuo. Nomear responsáveis por cada ação, alocar recursos adequados e definir objetivos específicos são passos essenciais. Além disso, uma comunicação transparente com os colaboradores, explicando as mudanças e seus benefícios, é fundamental para o sucesso das iniciativas.
O monitoramento regular das estratégias permite ajustes conforme necessário. Avaliações periódicas com base em indicadores como engajamento, produtividade e absenteísmo são úteis para medir o impacto das ações. Revisar o plano de forma dinâmica, incorporando novas ideias e respondendo às demandas específicas da equipe, garante sua efetividade ao longo do tempo.
Benefícios da Ação Imediata
Ao priorizar a saúde mental, as empresas não apenas atendem às exigências da NR-01, mas também criam um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Os benefícios incluem maior retenção de talentos, redução de custos associados ao absenteísmo e melhora nos resultados financeiros. Além disso, demonstram responsabilidade social e compromisso com o bem-estar dos colaboradores, posicionando-se como líderes na construção de organizações mais humanas e sustentáveis.
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Artigo escrito por Ianca Mello.
Referências
1.CAVALLINI, Marta. Síndrome de burnout é reconhecida como doença ocupacional; veja o que muda para o trabalhador. 2022. https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2022/01/11/sindrome-de-burnout-e-reconhecida-como-doenca-ocupacional-veja-o-que-muda-para-o-trabalhador.ghtml
2. Ministério do Trabalho e Emprego. Governo Federal atualiza NR-01 para incluir riscos psicossociais e reconstitui Comissão do Benzeno. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2024/Setembro/governo-federal-atualiza-nr-01-para-incluir-riscos-psicossociais-e-reconstitui-comissao-do-benzeno.
3. WELLHUB. Ebook – Plano de combate ao Burnout.
4. YONESHIGUE, Bernardo. Burnout: 1 a cada 5 profissionais de grandes corporações sofre de esgotamento no Brasil, mostra pesquisa inédita. IPq – USP, 2022. Disponível em: https://ipqhc.org.br/2022/10/16/burnout-1-a-cada-5-profissionais-de-grandes-corporacoes-sofre-de-esgotamento-no-brasil-mostra-pesquisa-inedita-2/
5. CARLOTTO, Mary Sandra e CÂMARA, Sheila Gonçalves. Características psicométricas do Maslach Burnout Inventory – Student Survey (MBI-SS) em estudantes universitários brasileiros. PsicoUSF v.11 .2. dez 2006. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712006000200005
6. FERREIRA, Thiago Cardoso e GHEDINE, Tatiana. Teoria das demandas e recursos do trabalho: estado da arte, caminhos e perspectivas. Revista GeSec v14 n.10. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/374536994_Teoria_das_demandas_e_recursos_do_trabalho_estado_da_arte_caminhos_e_perspectivas.
7. LIOBET, Anna Badia. Síndrome de Burnout: o que é, sintomas e tratamento. Disponível em: https://br.psicologia-online.com/sindrome-de-burnout-o-que-e-sintomas-e-tratamento-127.html
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